Augusto Dunshee de Abranches, ex-presidente do Flamengo, faleceu no último domingo (07), e a família recebeu as condolências de Zico, o maior ídolo da história do clube. No entanto, o ex-jogador também recordou de desavenças pessoais com o ex-dirigente, que transferiu o Galinho de Quintino para a Udinese (ITA) em julho de 1983.
‘Deus levou um grande ex-presidente do Flamengo. Que ele descanse em paz e Deus conforte os familiares. Tive problemas pessoais com ele, mas reconheço a importância dele para nossa geração’, destacou Zico em uma publicação no Instagram.
Durante os primeiros meses de sua gestão, Dunshee enfrentou o desafio de renovar o contrato de Zico, já um craque consagrado da Seleção Brasileira e líder do Flamengo na conquista do primeiro Campeonato Brasileiro em 1980. Em maio de 1981, o Barcelona (ESP) demonstrou interesse em contratar o jogador. Embora tanto o ídolo quanto o Mais Querido desejassem sua permanência, a questão financeira era bastante complicada.
Após negociações para ajustar os termos, que incluíam luvas parceladas e um aumento salarial, Zico aceitou um novo contrato com duração de dois anos. Para cobrir os custos, o clube considerou realizar amistosos contra o Boca Juniors (ARG), mas a solução surgiu através de uma parceria com a Coca-Cola.
Depois de conquistar o tricampeonato brasileiro, Zico se juntou à Seleção Brasileira na Alemanha. Contudo, ao retornar, percebeu que os jornais anunciavam sua venda para a Itália. A Udinese pagou 4 milhões de dólares (aproximadamente 2 bilhões de cruzeiros na época). Isso ocorreu porque o Flamengo enfrentava o dilema da renovação do contrato, uma vez que Zico completaria 32 anos em breve, idade em que teria direito à transferência livre.
Diante desse cenário, a diretoria decidiu aceitar a proposta. A negociação foi finalizada no dia 1º de junho, e o presidente Dunshee informou a decisão aos líderes das torcidas organizadas. Fotos do presidente sorrindo e simulando choro com uma camisa 10 do Flamengo foram destaque nas capas dos jornais, o que gerou revolta entre os torcedores. Zico retornaria ao clube em 1985, e o valor da venda foi crucial para a aquisição do terreno do CT Ninho do Urubu.
Publicado em colunadofla.com
Fonte: Flamengo RJ