A data Fifa, em meio ao fim ou à reta final dos campeonatos estaduais pelo país, é um raro momento de descanso para a maior parte dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Numa temporada que já era prevista como caótica desde o fim do ano passado, as equipes que disputarão as competições sul-americanas encararão, após esta parada, uma maratona por três ou quatro torneios do fim de março até o fim de maio. Treze dos clubes disputarão 19 jogos em sequência, sem nenhuma semana inteira dedicada a treinos ou período de descanso.
O GLOBO levantou os caminhos dessas equipes, o número de viagens (das dentro de seus estados às internacionais) e a quantidade de quilômetros que percorrerão para cumprir seus compromissos até o fim de maio. Números que chegam, por exemplo, aos mais de 31 mil quilômetros que o Fortaleza, time que mais viajará (dez vezes) no período, percorrerá. O time de Juan Pablo Vojvoda, assim como o rival Vitória e o Bahia, ainda têm compromissos pela Copa do Nordeste no período.
O Leão do Pici viaja, por exemplo, a Bucaramanga, na Colômbia, a 7.291 km de distância de Fortaleza, e à capital chilena Santiago, a 5.982 km, para enfrentar Atlético Bucaramanga e Colo-Colo, respectivamente, pela Libertadores. Um caso parecido é a viagem do Internacional a Medellín, onde enfrenta o Atlético Nacional. Serão 7.206 km de uma ponta à outra do continente.
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No levantamento, quem aparece colecionando menos milhas é o Corinthians, que disputará a Copa Sul-Americana. O Timão jogará três clássicos no período e ainda tem mais um confronto dentro do próprio estado de São Paulo, contra o Mirassol. Na Sul-Americana, vai a Cali (Colômbia), Tres Arroyos (Argentina) e Montevidéu (Uruguai), onde enfrentará América, Huracán e Racing, respectivamente.
Além das longas viagens, o calendário complica a logística de treinamentos e descanso dos atletas. Os jogos do levantamento ainda se somarão aos dois da terceira fase da Copa do Brasil, ainda não sorteada, mas com partidas previstas para os dias 30 de abril e 21 de maio. No pote 2, onde estão os futuros adversários dessas equipes, há possíveis caminhos para 12 estados diferentes. Com muita sorte, algumas equipes terão a chance de evitar adicionar mais uma viagem ao roteiro.
Na prática, times que já encerraram os estaduais, como os cariocas, farão 19 jogos em 62 dias, uma média de um jogo a cada três dias. As contas ficam ainda mais apertadas para o Palmeiras e o Corinthians, que decidem o Campeonato Paulista após a data Fifa, e para os que disputam partidas da Copa do Nordeste mesmo durante a parada para os jogos de seleções. O Fortaleza, por exemplo, chegará a 22 jogos, partindo do confronto de hoje contra o Sousa-PB, em 72 dias.
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A tempestade de jogos que se avizinha já movimenta os clubes desde os estaduais. No Rio, por exemplo, os quatro clubes iniciaram e disputaram múltiplas rodadas com times alternativos enquanto estendiam a pré-temporada de seus elencos principais.
— Não vou matar ninguém no Carioca, e se isso custar o meu trabalho, azar — disse o técnico do Flamengo, Filipe Luís, em uma das frases mais marcantes do estadual do Rio, em fevereiro.
Na ocasião, ele explicou o planejamento do rubro-negro, que seria campeão, para o restante da temporada:
— Eu não vou dar sequência de quatro, cinco jogos para os jogadores agora no começo do ano, porque eu quero que eles façam essa curva e estejam no ápice da performance no começo do Brasileiro. E que consigam manter durante toda a temporada.
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O período sem jogos entre os estaduais e o início do Brasileiro também tem sido vital para essa preparação. O Botafogo, por exemplo, fez jogo-treino com o Cruzeiro e disputará amistoso contra o Novorizontino-SP no próximo sábado. O alvinegro, que não foi às semifinais, tem deixado o estadual de lado e priorizado o segundo semestre. Este ano, tem reforços ainda a estrear, como Santiago Rodríguez, Nathan Fernandes e Elias Manoel.
No Vasco, o momento foi de fechar o grupo em uma intertemporada no Rio. O cruz-maltino, que tem a Sul-Americana como prioridade nessa temporada, disputou um jogo-treino contra o Maricá e prepara três recém-chegados nas pontas (Nuno Moreira, Loide Augusto e Benjamín Garré) para a sequência da temporada.
— Os atletas estão comprometidos, estão competindo, e é isso que precisamos gerar diariamente para que, quando iniciarmos o Brasileiro, saibamos que vamos entrar nessa situação de jogos atrás de jogos — disse o preparador físico César Mendes à VascoTV.
Fonte: Netfla