Vai começar! O Brasileirão 2025 será aberto neste sábado, 29, com cinco jogos: Juventude x Vitória, Fortaleza x Fluminense, Grêmio x Atlético-MG, São Paulo x Sport e Cruzeiro x Mirassol. A competição, que tem o Botafogo como defensor do título, tem término previsto para 21 de dezembro.
Mantendo uma tradição de mais de quatro décadas, PLACAR lançou o guia do Brasileirão Betano 2025, já disponível em nossa loja no Mercado Livre e nas bancas de todo o país. Além da ficha de 360 jogadores, esquemas táticos, tabela completa e estatísticas de sempre, a edição deste ano traz algumas reportagens, como as de abaixo, que apresentam os favoritos e destaques da competição, além de uma entrevista com Raphael Veiga, do Palmeiras.
O PELOTÃO DE FRENTE
Botafogo encerrou jejum de quase três décadas e, mesmo com perdas importantes, quer voltar a peitar Palmeiras e Flamengo. Cruzeiro, Inter, Corinthians, São Paulo (e quem mais?) correm por fora nesta disputa
Ainda que o Brasileirão seja aclamado, com razão, como um dos campeonatos mais equilibrados e imprevisíveis do planeta, um cenário tem se repetido nas últimas edições: Palmeiras e Flamengo estão sempre na briga pelas primeiras posições, como mostra a tabela abaixo. O que torna a disputa sempre emocionante é a presença de uma terceira equipe como intrusa na festa. O Atlético-MG, campeão em 2021, estava mais acostumado a ocupar este papel, mas no ano passado amargou a 12ª colocação. Quem acelerou no pelotão de frente foi o Botafogo, que depois de um frustrante 5º lugar em 2023 (ano em que liderou a disputa por 31 rodadas), reinou absoluto em 2024 e encerrou um jejum que já durava 29 anos.
Maior vencedor da competição com 12 taças, o Palmeiras é também quem mais pontuou nas últimas cinco edições: 348 pontos, seguido por Flamengo (340), Atlético-MG (323), Inter (311) e Fluminense (293). O caso do Athletico-PR chama a atenção e reforça a tese sobre a dificuldade de se fazer prognósticos: o sexto clube mais bem colocado nos últimos anos foi rebaixado, em pleno ano do centenário, e jogará a Série B. O Fortaleza, duas vezes quarto colocado, é o mais orgulhoso dos nordestinos desta lista.
Financeiramente saudáveis e reforçados, os favoritos de sempre se mantêm. Sem conquistar a taça desde 2020, o Flamengo surge como principal concorrente do rejuvenescido Palmeiras e aposta na capacidade do técnico Filípe Luís para encerrar essa seca. O Botafogo, por sua vez, perdeu suas principais peças (Luiz Henrique, Almada e o técnico Artur Jorge, entre outros) e, ao menos de início, entra numa segunda prateleira. A chegada de nomes megavitoriosos como Gabigol e Dudu faz do Cruzeiro um candidato natural. Inter, Corinthians e São Paulo também contam com elencos estrelados e podem surpreender.
Como sempre, a janela de transferências do meio do ano e sobretudo o calendário podem ser decisivos. Além da Copa do Brasil e da Libertadores, que sempre embaralham a disputa, a agenda deste ano inclui o novo Mundial de Clubes da Fifa, nos EUA, que terá Botafogo, Fluminense, Flamengo e Palmeiras como representantes nacionais. O Brasileirão será paralisado no período – entre 14 de junho e 13 de julho – e por isso só terminará em 21 de dezembro. A CBF, aliás, pode ter um problemão a resolver caso o campeão da Libertadores seja um brasileiro pelo sétimo ano seguido, já que a final da Copa Intercontinental da Fifa está agendada para 17 de dezembro. A sorte está lançada.
Entrevista
ELE QUER MAIS
Bicampeão, Raphael Veiga amplia seu papel de liderança no renovado (e sempre fortíssimo) Palmeiras
O atual Palmeiras é tão forte quanto o dos títulos de 2022 e 2023? Tecnicamente, é muito forte também. A diferença é que temos mais pessoas novas na casa, mais jogadores jovens. Antes, o Palmeiras era um pouco mais cascudo. Acredito que todos que chegaram vão assumir a responsabilidade e pegar o jeito de como o Palmeiras joga.
Quais outros times apontaria como favoritos? Praticamente os mesmos dos últimos anos: o Flamengo tem uma grande equipe; o Atlético-MG e o Cruzeiro montaram bons times; o Botafogo, embora alguns jogadores tenham saído, investe muito. O Inter também foi bem no ano passado. Ficaria entre esses.
Qual o seu momento mais marcante na competição? Foi contra o Botafogo, no Rio, em 2023, na nossa virada histórica [o Palmeiras perdia por três gols e virou para 4 a 3]. Foi um dos jogos mais divertidos de jogar.
Como Paulinho e Vitor Roque podem potencializar seu jogo? Os dois são grandes jogadores, inteligentes, bons finalizadores, que criam e geram espaços para os demais. Isso permite tanto uma finalização quanto uma assistência. Espero que possamos nos entender bastante.
PRAZER, SUPERBRASILEIRÃO
Inesperado retorno de Neymar ao Santos acompanhou uma série de contratações de impacto. Além de sobrar no continente, futebol brasileiro tem valores inflacionados e já compete com Arábia Saudita, EUA e com a segunda prateleira europeia


Neymar é atração do Brasileirão Betano 2025. Imaginar esta manchete meses atrás soaria como um devaneio, mas a conturbada saída do craque do Al-Hilal, da Arábia Saudita, somada ao desejo de retomar sua alegria e a boa forma física proporcionaram o bombástico retorno ao Santos. Não se sabe quanto tempo vai durar a aventura, já que o maior ídolo nacional assinou contrato apenas até 30 de junho – o que lhe daria, no máximo 12 rodadas. A ideia de Neymar é mostrar serviço e receber propostas da elite europeia na próxima janela (de preferência do Barcelona). No entanto, o Peixe e sua eufórica torcida confiam que conseguirão convencer o menino da Vila a permanecer em casa. O Brasileirão, por sinal, é um dos únicos títulos que o camisa 10 não possui – além, claro, da Copa do Mundo, sua obsessão e motivo para ter topado o retorno.
Neymar não é a única estrela internacional da competição. Seu amigo holandês Memphis Depay, do Corinthians, também tem um enorme poder de mobilização junto à fiel e se adaptou rapidamente à realidade do Brasil. Na temporada passada, o atacante com passagens por Manchester United e Barcelona foi fundamental na arrancada final do Timão, com 7 gols e uma assistência em 11 jogos na competição.
Além de Neymar, a Série A começa com outros 16 atletas que serviram a seleção brasileira em Copas do Mundo: Weverton (Palmeiras); Danilo, Alex Sandro e Pedro (Flamengo); Alex Telles (Botafogo), Everton Ribeiro (Bahia); Thiago Silva e Renato Augusto (Fluminense); Cássio e Fagner (Cruzeiro); Philippe Coutinho (Vasco); David Luiz ( Fortaleza); Hulk e Bernard (Atlético-MG); Oscar e Luiz Gustavo (São Paulo). O Uruguai é o segundo país com mais mundialistas (8), incluindo o quarteto rubro-negro formado por Nicolás De La Cruz, Giorgian De Arrascaeta, Matías Viña e Guillermo Varela.
A relação entre a melhora do nível do futebol brasileiro e a presença cada vez maior de estrangeiros é evidente. Em 2023, os 20 clubes da Série A contaram com 126 gringos em, 23 a mais do que os 103 da edição anterior. Em 2024, a conta fechou em 136, um a menos do que o número inicial da atual corrida. Argentina, com 47 representantes, e Uruguai, com 26, são os mais representados. Não por coincidência, com o real valorizado em relação às outras moedas sul-americanas, os clubes vizinhos comeram poeira nas últimas seis edições da Libertadores.
A presença de jogadores europeus também subiu de forma notável. Já há seis portugueses no BID, com destaque para Sérgio Oliveira, com passagens pela seleção lusitana, reforço do Sport. Se ainda está longe de conseguir segurar seus maiores prodígios e de atrair estrelas com mercado na elite europeia, o Brasil já rivaliza com mercados emergentes como a Arábia Saudita e os Estados Unidos. De acordo com o tradicional relatório “Money League”, da auditora Deloitte, o Flamengo, cuja receita anual passou de 1,23 bi de reais, já está entre os 30 clubes mais ricos do mundo.
A presença crescente de estrangeiros preocupa o maior dos rubro-negros. Em entrevista ao Ge, Zico disse que o limite de nove gringos por equipe traz efeitos nocivos a médio e longo prazo. “Os craques de cada time são estrangeiros. O 10 do Flamengo, do Fluminense, do Corinthians e da maioria dos times brasileiros é estrangeiro. Acabaram os 10 brasileiros”, resumiu. “Hoje, os clubes criam os jogadores na base para vender. Não aproveitamos mais […] Precisamos reduzir o número de estrangeiros e trabalhar mais a base para formar mais craques.”
Um dos maiores talentos recentes do país, no entanto, está entre as estrelas deste Brasileirão. Vitor Roque, de 20 anos, não conseguiu desabrochar por Barcelona e Betis e foi comprado por quantia recorde pelo Palmeiras – antes criticado por contratar pouco e hoje dono de dois dos três integrantes do pódio ao lado. O lado preocupante desta lista é que três dos 10 mais caros tiveram estadias curtíssimas: Almada, Alcaraz e Luiz Henrique. Convém desfrutar de tanto talento enquanto podemos.
Fontes: Placar