“Quem não usa dados, fica para trás”, diz gerente do Flamengo sobre a revolução analítica no futebol


No cenário atual do futebol de alto rendimento, a análise de dados se tornou uma ferramenta indispensável. Teo Benjamin, responsável pelo setor no Flamengo, afirmou que as equipes que ainda resistem ao uso dessa tecnologia estão fadadas a perder competitividade.

Em participação no quadro “Por dentro do Ninho”, da FlaTV, Teo explicou como os dados fazem parte da rotina do clube, desde a avaliação de desempenho até o processo de contratações. Formado em engenharia e apaixonado pelo esporte, ele começou sua jornada escrevendo artigos sobre futebol em 2016, e foi no Red Bull Bragantino que deu o primeiro passo profissional, ajudando a estruturar o departamento analítico do clube. No Flamengo desde 2024, lidera a área com foco total na integração entre números e decisões técnicas.


“A ideia do setor de análise de dados é ser um setor transversal dentro do clube, que conversa com várias outras áreas do departamento de futebol. Então a gente trabalha oferecendo ferramentas, subsídios e informações para que eles possam tomar decisões dentro das suas áreas”, explicou o analista.

Segundo ele, o trabalho é dividido em três frentes:

  • Dados produzidos internamente, como os captados pelos coletes com GPS.
  • Informações criadas no clube, como notas e avaliações internas de jogos e atletas;
  • Estatísticas compradas de terceiros, usadas para complementar as análises.

Teo destaca que o clube busca reunir a maior quantidade possível de dados para embasar as decisões da comissão técnica, fisiologia e departamento de futebol como um todo. A análise se estende desde o pré-jogo, com estudo do adversário, até o pós-jogo, com avaliações do próprio time.

“O nosso objetivo é pegar as perguntas do clube e trazer para o mundo dos dados para procurar informações que podem ser interessantes, mas levar isso de volta na linguagem do futebol. Para que isso tudo esteja integrado e que possa impactar a tomada de decisão que acontece dentro e fora de campo”, disse Teo.

Além disso, o departamento trabalha lado a lado com o setor de scout, com foco na busca por atletas que se encaixem perfeitamente no estilo de jogo da equipe. Segundo Teo, essa união entre estatística e observação é essencial para identificar o “nome certo” nas janelas de transferência.

“A nossa semana costuma ser muito variada. A gente tem uma rotina que segue a rotina dos jogos, por exemplo, relatório pré e pós-jogo, Mas ao longo das semanas a gente tem uma maleabilidade para planejar as nossas tarefas, para poder focar em alguma área que esteja com alguma demanda específica”, explicou o gerente de dados.

Outro fator determinante para o planejamento do setor é o apertado calendário brasileiro. Ele aponta que o desgaste por viagens constantes exige uma troca de informações rápida e bem estruturada entre os setores — um desafio que, segundo ele, é comum a todos os clubes do país.

“A gente tem tentado apoiar a preparação física e a fisiologia na construção de ferramentas e modelos de um acompanhamento mais constante para planejar a temporada e entender quanto, quando e como cada atleta pode render. Para que a gente consiga manter um nível de performance muito alto e uma constância de disponibilidade do time” disse Teo.

Sob a liderança de José Boto, o Flamengo tem dado ênfase ao fortalecimento do scout e da inteligência de mercado. E com a análise de padrões dos adversários ganhando cada vez mais espaço, Teo garante: “A preparação ideal começa pelo entendimento profundo de quem está do outro lado”.

“Nosso objetivo não é descobrir quem é o melhor atleta daquela posição, é descobrir quem é o melhor daquela posição para o nosso jogo. Mas no fim das contas, isso só faz sentido se o Flamengo tem muito claro como ele quer jogar e como ele quer implementar essas ideias dentro e fora de campo”, explicou o analista.



Fonte: Netfla

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