Anunciada como principal atração antes da partida da seleção brasileira diante do Chile nesta quinta-feira, 4, às 21h30 (de Brasília), pelas Eliminatórias, a cantora baiana Ivete Sangalo já foi protagonista de outro inesquecível momento no Maracanã, mas como algoz dos donos da casa: a final da Copa do Brasil de 2004 entre Flamengo e Santo André, vencida pelo pequeno clube paulista, considerada como uma das maiores zebras de toda a história do futebol brasileiro.
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O relato é contado no livro “Eles calaram o Maracanã – Como o Santo André conquistou a Copa do Brasil de 2004″, escrito pelo jornalista Vladimir Bianchini.
A publicação lançada em junho de 2024 narra logo em seu primeiro capítulo que a descoberta de um palco armado para a cantora, que se apresentaria logo após a partida para os mais de 72 mil flamenguistas, acabou servindo de motivação na preleção andreense.
A descoberta foi feita pelo auxiliar técnico Sérgio Soares, responsável por comandar a equipe por conta da ausência do técnico Péricles Chamusca, suspenso. Ansioso, Soares subiu ao gramado horas antes da partida e estranhou o palco montado.
Após questionar e confirmar com um jornalista o motivo, o profissional voltou ao vestiário com um discurso preparado aos jogadores:
“Vão lá no campo, tem um negócio diferente. Tem um palco armado para um show, mas que não foi feito para vocês. Vão deixar os caras cantarem ‘Poeira’ (música sucesso de Ivete naquele ano) em cima de vocês?”, questionou.
A obra ainda conta que já na boca do túnel, pouco antes do início da partida, o ex-meio-campista Romerito gritou para os companheiros: “A Ivete vai cantar hoje lá na casa do c…! Aqui, não!”.
O time do ABC Paulista venceu de forma surpreendente por 2 a 0, com os dois gols marcados no segundo tempo. O resultado garantiu a conquista após um empate sem gols na primeira partida, derrubando amplo favoritismo dos donos da casa. A comemoração foi embalada pela canção “Poeira”.


Elvis, camisa 10, comemora o segundo gol do Ramalhão; Romerito, o 11, ao fundo – Divulgação/Santo André
Ive esteve no estádio pela última vez para uma apresentação em dezembro de 2023, em turnê especial de celebração dos 30 anos de carreira.
Homenagens e estreia de Ancelotti
A partida que marca a estreia do técnico italiano Carlo Ancelotti no Maracanã também terá homenagens a representantes dos cinco títulos mundiais conquistados pelo país. Ao todo, 17 ex-jogadores das conquistas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2022 estão confirmados e estarão no gramados para serem reverenciados pelos torcedores. Antes disso, a entidade promoverá um almoço.
Historicamente, as estreias dos treinadores da seleção no palco costumam ser bem sucedidas. De acordo com o levantamento realizado pelo jornalista e historiador Antônio Carlos Napoleão, ex-gerente de memória e acervo da CBF por quase 20 anos, são 14 vitórias, dois empates e somente duas derrotas – mas com tropeços marcantes. Foram 11 triunfos consecutivos até o primeiro tropeço, sofrido sob o comando de Edu Coimbra em 1984, irmão mais velho de Zico.


Na Granja, Ancelotti comandou o último treino da seleção antes de encarar o Chile – Alexandre Battibugli/Placar
Neste século, a seleção brasileira principal atuou no estádio em oito oportunidades, sendo duas das três mais recentes com memórias bastante dolorosas: as derrotas por 1 a 0 para a Argentina em 2021, na final da Copa América, e em 2023, pelas Eliminatórias.
Apesar do amargor acumulado na década atual, nem só de momentos ruins viveu o Brasil no histórico estádio desde 2001. Em 2022, já de olho na Copa do Mundo do Catar, a seleção então dirigida por Tite goleou o mesmo Chile por 4 a 0 com o Maracanã em festa – e o primeiro gol de Vinicius Júnior com a camisa amarelinha.
Em 2019, também com o mesmo treinador, levantou o último título de sua história: a Copa América daquele ano, conquistada com um triunfo por 3 a 1 diante do Peru. Anos antes, em 2013, o Brasil comandado por Luiz Felipe Scolaria havia ficado com a taça da Copa das Confederações em decisião contra a Espanha.
Outra vitória marcante foi registrada na era Dunga, em 2007, quando o país impôs um 5 a 0 ao Equador, em jogo marcado por gritos de “melhor do mundo” a Kaká, vencedor do prêmio pela Fifa no mesmo ano.
Os jogos do Brasil no Maracanã neste século
17/10/2007 – Brasil 5 x 0 Equador
15/10/2008 – Brasil 0 x 0 Colômbia
2/6/2013 – Brasil 2 x 2 Inglaterra
30/6/2013 – Brasil 3 x 0 Espanha
7/7/2019 – Brasil 3 x 1 Peru
10/7/2021 – Brasil 0 x 1 Argentina
24/3/2022 – Brasil 4 x 0 Chile
21/11/2023 – Brasil 0 x 1 Argentina
As estreias dos técnicos da seleção no Maracanã*
Flávio Costa
24/6/1950 – Brasil 4 x 0 México
Zezé Moreira
14/3/1954 – Brasil 1 x 0 Chile
Oswaldo Brandão
21/4/1957 – Brasil 1 x 0 Peru
Sylvio Pirillo
11/6/1957 – Brasil 2 x 1 Portugal
Vicente Feola
4/5/1958 – Brasil 5 x 1 Paraguai
Aymoré Moreira
29/6/1961 – Brasil 3 x 2 Paraguai
Zagallo
7/8/1968 – Brasil 4 x 1 Argentina
João Saldanha
9/4/1969 – Brasil 3 x 2 Peru
Cláudio Coutinho
3/3/1977 – Brasil 6 x 1 Combinado Botafogo-Vasco
Telê Santana
2/4/1980 – Brasil 7 x 1 Seleção brasileira de novos
Carlos Alberto Parreira
28/4/1983 – Brasil 3 x 2 Chile
Edu Coimbra
10/6/1984 – Brasil 0 x 2 Inglaterra
Sebastião Lazaroni
8/6/1989 – Brasil 4 x 0 Portugal
Vanderlei Luxemburgo
28/6/2000 – Brasil 1 x 1 Uruguai
Dunga
17/10/2007 – Brasil 5 x 0 Equador
Luiz Felipe Scolari
2/6/2013 – Brasil 2 x 2 Inglaterra
Tite
7/7/2019 – Brasil 3 x 1 Peru
Fernando Diniz
21/11/2023 – Brasil 0 x 1 Argentina
*Levantamento realizado por Antônio Carlos Napoleão
Fonte: Placar