Torcedor do Central Córdoba (ARG) conversou com exclusividade com a reportagem do Coluna do Fla
Por: Mônica Alves, Pedro Paulo Catonho e Rodrigo Lima
O Central Córdoba (ARG) tem um título na história, a Copa da Argentina do ano passado. Mas o triunfo sobre o Flamengo é a maior vitória do clube. Pelo menos é o que garantiu o torcedor argentino Matias Cardozo, que conversou com exclusividade com a reportagem do Coluna do Fla.
Fã do Córdoba, o ‘hincha’ saiu de Santiago del Estero na noite do último domingo (06), encarou 58 horas de viagem, aproximadamente 2800 quilômetros de ônibus. Para seguirem até o Rio de Janeiro, alguns ‘hermanos’ até pediram demissão dos respectivos empregos.
“Em um dos nossos dois ônibus, um amigo disse que chegou com muita ‘dor’ porque ele perdeu o emprego, mas disse ao seu chefe que viria de qualquer forma porque esse jogo não será mais realizados. Nosso consolo para ele foi a fé no time, o nosso Ferroviário. Chegando ao estádio, com chuva, à noite, muitos problemas no meio”, disse Matias.
“Tudo foi mais forte porque sabíamos que tudo estava acontecendo para que nos ganhemos, e o amigo sentiu que valeu a pena deixar tudo de lado e presenciar este fato único na história do nosso clube. Os minutos levaram uma eternidade, mas já sabíamos que o Central daria um ‘Maracanazo’”, acrescentou.
SEM DORMIR E EMOÇÕES NO CAMINHO
Desde domingo (06), quando partiu de Santiago del Estero, até o jogo, Matias contou que praticamente não dormiu. Após o jogo, então, com a comemoração, aí que não houve tempo para descanso. Nesta quinta-feira (10), por exemplo, um grupo de 150 torcedores aproveitaram para visitar o Cristo Redentor e fizeram um ‘bandeiraço’ na praia de Copacabana. Festa digna, afinal, de maior vitória da história do clube para Matias.
Torcedores do Central Córdoba fazem festa no Cristo Redentor neste momento, após vitória sobre o Flamengo. @ColunadoFla pic.twitter.com/XKkTlxWHMZ
— Mônica Alves (@monicaalvesfs) April 10, 2025
“A Copa Argentina foi o nosso primeiro título e estávamos torcendo pelo time como sempre. Naquela final, o Vélez também era o favorito, e os jornalistas também estavam torcendo para o time adversário. Mas estávamos 11 contra 11, e todo o nosso apoio estava nas arquibancadas. Naquele dia fomos campeões, e hoje foi mais que um título porque quebramos todas as estruturas do mundo do futebol, todos os parâmetros lógicos, porque futebol é isso. Noventa minutos de uma nova história. Fomos os primeiros a marcar dois gols contra o Flamengo em casa”, opinou, antes de relatar alguns ‘perrengues’ até a chegada ao Rio de Janeiro.
“Cada parada era emocionante. Mas quando chegamos ao Brasil, todo o cansaço desapareceu, a emoção quebrou todas as barreiras e esperamos o jogo para torcedor pelo nosso time. No caminho, Maria Rosa, 69 anos, veio conosco, aplicando sua insulina e contando aos jovens sobre todos os anos que passou na equipe. Foi muito emocionante”.
MAIS RESPOSTAS
Confira outras perguntas respondidas por Matias Cardozo na entrevista exclusiva ao Coluna do Fla. O torcedor foi sincero ao dizer que não esperava a vitória no Maracanã, contou qual foi a sensação de pisar no Templo Sagrado pela primeira vez e mais detalhes da viagem. Além disso, o ‘hincha’ contou que está otimista para a classificação ao mata-mata logo na estreia do Córdoba na Libertadores.
PRECISOU VENDER ALGO PARA BANCAR A VIAGEM?
“No meu caso, não. Mas teve muitos torcedores que pediram para pagar seus ingressos. Outros pediram para alguém pagar ou pegaram emprestado ou até venderam seus pertences para apoiar o time nada mais nada menos que no Maracanã”.
FOI FÁCIL CONVENCER A FAMÍLIA?
“Muitos me disseram que a gente ia levar de oito, coisas assim. Foi difícil convencer, mas eu sabia que todo o sacrifício valeria a pena”.
SENSAÇÃO DE PISAR NO MARACANÃ
“Acompanho meu clube desde a 4ª divisão, viajando para o interior da Argentina, muito calor, sempre sonhando com coisas assim, mas só foi real no PlayStation. Quando entrei, as emoções voltaram à tona, mas eu simplesmente aproveitei cada segundo de sua magnificência, especialmente porque vencemos”.
ESPERAVA A VITÓRIA?
“Quando eu cheguei, não. Mas eu ainda queria vir, mas como eu disse antes, quando a gente chegou e tudo estava acontecendo, a cada minuto que passava antes do jogo eu ficava mais convencido de que a gente ia ganhar o jogo. O torcedor do Central Córdoba é muito sofrido, mas sempre surpreendemos e sempre silenciamos aqueles que nos subestimam”.
CANDIDATO À CLASSIFICAÇÃO?
“Sim, mas vamos passo a passo. Você esperava isso antes da Copa começar? Eu, que acompanho o Central Córdoba, esperava isso porque o Central fica mais forte quando erra e isso cala muitas bocas”.
Fonte: Coluna do Fla